Dias de emo

por sereia ressonante

Rezar e chorar, para mim, são a mesma coisa. É uma técnica que aprendi com as santas que choram sangue, viu? Brincadeira que não deixa de ser uma verdadezinha. Você chora? Chora sempre? Chora copiosamente? Fala enquanto chora? Chorar faz um bem incrível, parece que você sentou em uma nuvem e ela te abraça. Enquanto as lágrimas vão esquentando seu rosto, muitas respostas são sussurradas no seu ouvido. Deve ser Deus, para mim é. Chorar é vomitar emoções. No final tem o mesmo efeito: limpar. Nesses dias e em tantos outros, tenho chorado muito. É preciso, tenho que atravessar esse rio. Depois eu rio, diria o Mário Quintana, se ele estivesse aqui do meu lado agora. Mas depois é depois. Importante é não ignorar o momento e armazenar choro. Porque um dia ele vem todo de uma vez só e você vai ficar bem confusa sobre o que está chorando. Eu nunca choro por alguém ou por alguma coisa, eu sempre choro por mim, pelo que eu desejo, pelos meus sonhos, pelo que parece tão distante de mim que dá saudades mesmo antes de ter vivido. Choro quando percebo que sincronicidade é apelido para anjo da guarda. Nossa, eu sou muito chorona e mimada! E como sou. Tudo que peço chorando acaba acontecendo e aí eu faço o que? Choro. E mesmo assim, ou por ser assim, eu sou uma menina alegre, otimista e boba. Tão boba que acredito em tudo que sussurram em meu ouvido. Melhor ser assim. Desintoxica a pele e o caráter. Duas coisas que, se você estraga, fica estampado na cara para sempre.

Ainda não vi Melancholia, vou ver com colo e abraço gigantesco, senão inundo a sala, mas aí vai minha listinha de coisas que ajudam a chorar e refletir: Radio Dept, Radiohead, a trilha de Lost in Translation e Maria Antonieta, da Sofia Coppola. Shorem litrus.